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Seis anos depois


-Seu filho da puta- Ele sussurrou. Estava sendo prensado ao chão. Sua boca tocando-o, quase beijando-o. Um pé pesado estava plantado nas suas costas. A dor o fazia respirar com dificuldade. Ele tinha certeza de que tinha uma costela quebrada agora. Ótimo.

-E aqui está. O puto de sempre, mesmo com uma faca no pescoço e meu pé na sua espinha. Garoto esperto você.- Uma voz fria falou. Ele sabia que o dono daquela voz não era tão frio quanto aparentava. Ele só estava agindo de acordo com seu papel. E muito bem, infelizmente. Sua voz não conseguia esconder seu sofrimento. Uma dor profunda. Quase incurável. E ele sabia que se pudesse olhar nos olhos daquele homem, naquele exato momento, ele os veria grandes e muito azuis e furiosos.- Está fazendo o que aqui?- O homem perguntou, chutando o outro mais uma vez. Mais uma costela. Fabuloso.

-Eu...- Ele se engasgou ao falar- Eu tô...aqui...Eu tô aqui pra ver ela.

-Mas que merd...- O outro não pôde terminar a frase. O homem prensado ao chão sentiu o ar entrando em seus pulmões com mais facilidade. O pé fora retirado de suas costas. Mas ele ficou lá, na mesma posição. Ele não tinha ideia do que fazer em seguida.-O que você quer com ela? Esqueça . Ela não quer nada que venha de você.- O homem continuou após uma pausa.- Ela está melhor sem você.

-Eu preciso falar com ela.- As palavras começavam a sair menos dolorosamente.

-Agora você precisa? Vai se foder.- Ele sentiu outro chute, na barriga desta vez, e seu calcanhar sendo esmagado. Seu coração parou de bater por um segundo devido à dor. Ele gritou e lágrimas começaram a cair de seus olhos para o asfalto úmido.

-Me...deixa..explicar..Isso tudo- Ele ofegava- Foi tudo...um mal entendido... Eu nunca...- Mas foi interrompido. O homem o levantou segurando-o pela gola de sua camisa. Estava sendo prensado contra a parede. Agora sim ele podia vê-los. Olhos azuis e furiosos encarando-o.

- Eu vou avisá-lo apenas uma vez- Seus rostos estavam muito próximos um do outro. Ele podia sentir o cheiro de pasta de dente do homem que o segurava, quase enforcando-o. É, ele havia se recuperado bem do baque. Ele tinha quase certeza de que o homem voltaria para o conforto de seu lar e jantaria em uma mesa gigantesca de vidro em alguma mansão extremamente limpa e extremamente vazia, após espancá-lo o suficiente para se sentir vingado. -Não faça isso outra vez.

-Eu sinto muito.

-Claro que sente.- O homem disse e deu-lhe um soco na cara. Ele o soltou e o deixou sangrando, jogado no asfalto. Mas antes que pudesse se virar e deixá-lo, o homem no chão disparou a rir. Risada histérica. Ele ria como se lhe tivessem contado a piada mais engraçada de sua vida.

-Ah, meu irmão.- Ele riu. Babando sangue. Uma mão segurando suas costelas, tentando fazê-las pararem de doer daquela forma.- Sempre tão carinhoso.

-Por Deus McAvoy, você, por sua vez, também não se encaixa muito bem no time de pessoas mais carinhosas da Terra. Eu sei que você não está de volta por causa dela. Pode parar com esse teatrinho, você é horível nisso. - Então o homem virou-se e foi embora.

- Mea Culpa- McAvoy disse. Ele não conseguia ficar de pé e não podia achar sua bengala em lugar algum, então, ficou lá parado esperando sua boca parar de sangrar, enquanto a noite caía trazendo as gangues da cidade e escuridão.





TOP 3 QUALQUER COISA

#1 

How I met your mother SIM, porque faz a gente pensar na vida.

 

#2

Alessia Cara. Porque Seventeen me fez começar este blog.

 

#3

Natal. Porque é a melhor época do ano.

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