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Sobre como 50 tons falhou em falar de sexo para mulheres




Este deve ser o terceiro texto que escrevo relacionado a este filme, porque o seu conteúdo tem muito espaço para a problematização. E diante da enorme quantidade de frases do tipo "Porque isso não aconteçe comigo?" ou "Por quê não existe um Grey para mim?" que eu ouvi ao sair do cinema, decidi que se for preciso eu vou escrever sim milhões de textos criticando cada ponto desse filme.


Para aqueles que não estão familiarizados, 50 tons de cinza é uma trilogia de livros, escrita por E. L. James (Uma mulher) e que esta sendo adaptada para o cinema. A história gira em torno de Anastasia, uma garota extremamente rasa e sem opnião e seu relacionamento com Christian Grey, um milionário bonitão que tem uma fantasia sexual peculiar: ele gosta de manter garotas sexualmente submissas a ele. Até aí tudo bem, aparentemente este é um filme que, finalmente, fala sobre sexo para mulheres. Coisa que o primeiro livro e o primeiro filme até que fazem. Quando fiquei sabendo sobre o livro me interessou de verdade, não é comum ter milhões de pessoas comprando e assistindo uma história que fala sobre sexualidade feminina. E acaba aqui tudo de positivo que tenho para falar sobre esta trilogia: a série conseguiu inserir na cultura pop a ideia de que mulheres também pensam em sexo.


Acontece que todo o resto do filme é tão machista, e tão errado que é impossível para mim entender como as pessoas levam a sério e gostam, de verdade, dessa história. Para começar que quando Grey descobre que Ana é virgem ele usa a seguinte frase motivacional "Então vamos acabar logo com esse problema". Desde quando virgindade é um problema? (Aliás, outro tema muito bom para um próximo texto, aguardem).


Daí que assistindo ao segundo filme me intrigou muito o fato de que um filme que, supostamente, tinha como público alvo as mulheres,mostrava tantos peitos. Olha só, se eu vou no cinema assistir um filme de sexo que não é um pornô, a última coisa que eu quero ver são peitos. ( Colocando do meu ponto de vista hétero). A bunda do ator principal apareceu umas duas vezes, de relance. Todas as cenas em que Ana estava completamente despida, o corpo dela era claramente destacado, mas espera aí, isso não é um filme para mulheres? Outra coisa que me incomodou muito foi a semelhança das cenas de sexo com esses pornôs de internet feitos para homens. Não rolava nenhum beijo, nenhum nada e de repente ele já estava em cima dela.


Eu digo isso para tentar mostrar como o ponto de vista masculino sobre o mundo está tão enraizado em nossas mentes que até nós mulheres temos dificuldades em enchergar o mundo com os nossos próprios olhos. Entende como é dramática esta situação? A maioria das pessoas que lerem isso não vão ver sentido no que estou falando e isso é extremamente problemático. Foram tantos os séculos pensando como homens, sendo criadas com lentes masculinas que temos problemas em enchergar algo simples como o que realmente nos satisfaz sexualmente.


A autora desta obra de arte tinha tudo para revolucionar o mundo do empoderamento feminino, mas ela só conseguiu criar mais um filme machista que mostra uma mulher sem graça por trás de um cara babaca. Só que dessa vez tem sexo no meio. (Um bem sem graça, por sinal).


Alguém ai assistiu os filmes, leu os livros ? Algum fã? Pronunciem-se.


*PS.: Aguardem mais críticas.

TOP 3 QUALQUER COISA

#1 

How I met your mother SIM, porque faz a gente pensar na vida.

 

#2

Alessia Cara. Porque Seventeen me fez começar este blog.

 

#3

Natal. Porque é a melhor época do ano.

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