Minna e o garoto esquisito
- Cara, peraí, eu esqueci meu casaco lá dentro. Peraí que eu já volto … - Diego saiu correndo antes que eu pudesse sequer pensar. Estava quente pra caraba, porque ele trouxe um casaco?
Me sentei no banco do ponto de ônibus e fiquei observando a rua. Já passava da meia noite. Espero que ele tenha em mente que não é uma boa ideia deixar uma mulher sozinha num ponto de ônibus depois da meia noite.
-Esperando o ônibus? - Uma voz de homem surgiu do nada atrás de mim e eu me levantei com o susto.
- Porra Danilo.
-Desculpa.
Meu coração até acelerou com o medo. O que diabos estava acontecendo com esse garoto hoje?
-Isso não é o tipo de coisa que se pergunta para alguém que está em um ponto de ônibus.
-Então você está? Beleza, vou ficar aqui também. Tenho que ir pra casa.
-Eu tô esperando o Diego, na verdade. Mas você pode vir com a gente, se não tiver ninguém para te acompanhar. - Eu respondi. Mais por educação, na verdade. Eu queria passar o caminho debatendo com meu amigo sobre o quão chata são Nina e companhia, e não cuidando de um garoto bêbado e estranho.
-Valeu, eu vou com vocês.- Ele abriu um sorriso enorme ao dizer isso, sentou-se no banco e ficou olhando para frente. Depois de um silêncio constrangedoramente longo ( com o qual ele parecia não se importar nenhum pouco) ele soltou outra frase aleatória que me fez pular de susto.
-Você trai mesmo seu namorado?
-QUÊ?!
-Pronto.- Diego chegara bem a tempo de me impedir de socar aquele garoto por ser tão impetuoso. Diego notou minha leve irritação e fez cara de “WTF?!” apontando Danilo com a cabeça. O garoto pulou do banco com um muito estranho e alegre – Vamos então?
Eu dei de ombros e caminhamos cada um de um lado do rapaz meio cambaleante e totalmente aluado ( mais aluado) que tinha se tornado o Danilo naquela noite.
Depois de deixarmos o Danilo na casa dele, eu e Diego paramos no meio do cruzamento que nos levaria cada um para a sua casa. Nos despedimos, mas antes que eu conseguisse montar no meu skate, o Diego me chamou.
-Seja legal com ele… com o Danilo. Ele parece gostar de você, isso é raro.
-O que você quis dizer com isso?
-Que você é muito grossa e isso afasta as pessoas?
-Não, seu idiota- Eu revirei os olhos.- Sobre ele gostar de mim.
-Nãao… não foi isso o que eu quis dizer.- Ele posicionou seu skate para pode subir nele.- Ele poderia fazer bom uso de uma amizade. Ainda mais da sua. Você sabe que consegue ser simpática quando quer. - Então ele pulou no seu skate e foi embora fazendo eu me sentir a pior pessoa do mundo. Será que o único amigo que eu teria esse ano seria um garoto gigante e avuado que estava claramente em uma batalha interna? Droga. Espero que não. Mesmo.
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