top of page

O dia em que minha mãe me fez dançar no grupo dela




Quando eu era criança, minha mãe dava aula em uma escola, não me lembro da idade das crianças, só sei que elas eram só um pouco mais novas que eu. E ela inventava de fazer apresentações de dança no final do ano. Não preciso nem dizer que ela enfiava eu e minha irmã nessa, isso quando não enfiava também nossas duas primas.

Uma dessas apresentações ficou muito marcada na minha mmória por conta do lugar onde costumávamos ensaiar. Era um antigo cassino da cidade, que tinha um salão enorme de festas com um palco maior ainda, um lustre cheio de cristais e os detalhes na parede e no teto pintados de dourado. Atrás do palco tinha um outro salão, que era onde ficavam os bastidores. E tinha de tudo lá. O lugar todo era meio abandonado e era cheio de umas coisas bizarras. Me lembro com certa dificuldade do lugar, mas sei que existia ali um bar todo montado, com todos seus utensílios no lugar, mas uma camada de sujeira cobria todos os copos e garrafas de bebidas. Aquele mini palco que era cercado por um monte de portas e bugigangas de teatro da época de ouro do cassino. E eu, no auge da minha criatividade, achava aquele lugar um absurdo de amedrontador. O chão era um carpete azul marinho todo puído. Aquelas cortinas cor de vinho, extremamente pesadas. Aquelas salinhas e caixas amontoadas, vai saber se não tinha um corpo escondido ali.

Um dia eu me recusei a ensaiar. Começei a chorar desesperadamente que queria ir embora. Eu olhava para aquele lugar e ele me dava arrepios. Eu não queria mais dançar, nem ficar ali, queria que meu pai fosse me buscar e me levasse pra casa. Minha irmã não dançou dessa vez, mas ela estava lá, e minha prima mais velha também. As duas ficaram em volta de mim, tentando fazer eu parar de chorar. Eu até soluçava. Só na faculdade que eu fui entender o que tinha acontecido comigo naquele episódio. Existia um motivo real para me fazer ter medo daquele lugar.

O importante, é a outra parte dessa história. O meu ataque passou e no dia seguinte nos apresentamos. E eu gostei muito daquilo. Eu passei um tempo criando coragem pra dizer pra minha mãe que eu queria aprender a dançar de verdade. Ela me enfiou no balé, como toda mãe faz. Rosa saiu seis meses depois e eu continuei. E aprendi outras danças. E dei aula de forró. E passei muitos carnavais dançando forró na praça.

O engraçado é que eu sempre era figurante nas danças que minha mãe inventava. A filha da coordenadora era sempre a principal. O cúmulo pra mim foi quando todas nós tivemos que nos vestir de homem e ela era a única Carmen Miranda.

Em meio as umas palhaçadas e sua vida extremamente corrida, minha mãe sempre arrumou um jeito de desenvolver esse lado artístico meu e da Rosa. Eu posso não ter escolhido essa área para seguir como profissão, mas eu devo muito da minha criatividade a todas as coiss malucas que minha mãe botava eu e minha irmã para fazer.

TOP 3 QUALQUER COISA

#1 

How I met your mother SIM, porque faz a gente pensar na vida.

 

#2

Alessia Cara. Porque Seventeen me fez começar este blog.

 

#3

Natal. Porque é a melhor época do ano.

bottom of page